02/03/2013

OS MEDIA E AS MANIFESTAÇÕES DE 2/MARÇO

Informação correta e abundante das manifestações nos noticiários da RTPi. 
Por uma vez, registe-se! Quando os media cumprem, há que elogiar, não apenas criticar... 

NOTA:  Posteriormente à colocação deste comentário, já há fortes motivos de crítica: a RTP convidou José Sócrates para novo comentador residente, num total desprezo pela opinião pública. Após mais uma gigantesca manifestação contra a troika e o "seu" governo, qual o reflexo do protesto nos media principais? Nulo, e pior, dão-se ao luxo de convidar um dos responsáveis pela vinda da troika. Não estando em causa o seu direito de defesa em relação à imolação que a direita lhe moveu, em nada se justifica a sua colocação destacada como opinador da TV do Estado. É apenas uma das muitas manobras de manipulação das forças no poder: enquanto se discute Sócrates, evita-se discutir os verdadeiros problemas do País.
Manifestação 2 de Março no Porto povo em luta
Cidade do Porto, onde no final se registaram confrontos com a PSP

Já no Brasil, a principal estação noticiosa, Globo News, passou fotos da manifestação num escasso flash de 3 ou 4 segundos, mas na mesma altura fez um debate prolongado sobre política italiana, e deu largos minutos do noticiário ao conflito israelo-palestiniano e a uma parada gay australiana, assuntos sem nenhum relevo nos media mundiais nesse 2 de março. 

Mas, leitor, não se iluda de que seja um acaso. É recorrente na Globo, desde há alguns meses, a marginalização de Portugal, numa mudança clara da política desta emissora. Emissora que, curiosamente, tem origem no jornal fundado pelo filho de emigrantes portugueses Irineu Marinho, depois herdado pelo seu filho Roberto. Ao longo da história do grupo, o segundo maior do mundo no sector, ele tem alinhado por posições dos EUA,  fazendo sempre charneira com o establishment brasileiro, o que lhe permitiu manter estável a sua influência. A revista Superinteressante (Junho,2005, pg.51) escrevia "O Brasil é a Globo", no sentido que telenovelas e demais programas deste canal são vistos desde a mais remota aldeia indígena da Amazónia até à grande cidade, acabando por ir moldando culturalmente o País.

E não acreditem no correspondente RTP Pacheco de Miranda, quando passa a ideia dum Brasil muito atento a Portugal. Ele é dos que só mostram aquilo que enche o ego português - caso, em 4/Março, da reportagem dum concerto, acompanhado de buffet, oferecidos em Brasília pela embaixada de Portugal. Uma boa comezaina é receita infalível para conquistar pela boca os convidados. Mas não passa daí.

Depois, veja-se esta declaração do pianista P. Burmester, outro reincidente nas mordomias situacionistas, na mesma reportagem: "cada vez há mais iniciativas de Portugal, como este concerto, ou o Ano de Portugal no Brasil". 

A verdade, porém,  é outra: no Brasil,  quase só se ouviu falar do Ano da França, que já foi. A correspondente da Globo em Paris, fala todos os dias e só passa coisas maravilhosas. Há constantes programas de cozinha e outras coisas francesas nas várias TVs. Mesmo no pequeno Estado onde me encontro, no Nordeste,  são frequentes as iniciativas francesas (concertos e exposições, de âmbito local ou  geral).  Em contrapartida, há um ano, tentei assistir a um festival local de filmes da CPLP (refira-se, Portugal era sómente um dos representados), mas o mesmo foi cancelado à última hora invocando problemas  técnicos.  Revelador. 

Na verdade, até a Alemanha é mais falada, como demonstra a escola de samba do Rio que homenageou neste carnaval o "Ano da Alemanha", que é o próximo. Do Ano de Portugal, passou uma mera publicidade na Globo, há meses, mas depois, na prática, nada se tem visto que atinja o grande público. Ah, conceda-se, passa nos canais de desporto locais - como já passava antes - um jogo por semana da Liga portuguesa, menos que os exibidos dos campeonatos  francês e italiano.

Enfim, relativamente ao supracitado buffet em Brasília, ele  só confirma o ditado: "com papas e bolos, ...". Para consumo interno português, claro.

Sem comentários:

Enviar um comentário