23/11/2014

UMA CONJUNTURA CRIPTO-FASCISTA

A REVANCHE DUMA DIREITA DE FACA NOS DENTES

Não conheço os detalhes da acusação a Sócrates. E poucos a conhecem, exceto os envolvidos no processo.

O que não impede a direita apoiante deste desGoverno de se aproveitar para enxamear os media de propaganda atacando o mais possível o que resta de democracia, usando a esquerda como  alvo principal.

Ontem, a SIC internacional reservou-lhe mais de metade do noticiário, dando a perspectiva judicialista que interessa ao desGoverno  em total coincidência com o único comentador da noite, o "insuspeito" Marques Mendes (!).

Fique claro: não ponho um só dedo no fogo pela moralidade de José Sócrates. Politicamente sempre o combati, ainda ele era ministro do Ambiente - e muito mais depois - e sempre achei que o PS fazia um mau negócio, mesmo na sua perspectiva interesseira, ao continuar a apostar nele após a sua demissão.

Com ou sem corrupção, Sócrates era uma carta fora do baralho. As batalhas perdem-se e ganham-se, e a do desGoverno Sócrates, mal ou bem, foi perdida com a sua demissão em 2011. Ponto.



Mas a verdade é que a direita tem mostrado por esse mundo fora que sabe usar a judicialização da luta política. É bom reter essa característica - a facilidade com que a direita da nova ordem do terrorismo financeiro internacional usa a Justiça para dar uma capa moral ao seu cada vez mais predador  sistema de pilhagem dos povos.

Pensar que esta é apenas mais uma decisão judicial, constitui um erro  de avaliação política.

E não se trata de pôr em causa a independência do juiz que decretou a prisão - facto sobre o qual não me pronuncio, apesar do carácter aparentemente estranho da prisão imediata, por mera comparação com casos mais graves cujos suspeitos se  passeiam por aí.


PARADA E RESPOSTA ENTRE PS E PSD

Mas, da mesma forma que os advogados manipulam detalhes com vista a forçar sentenças injustas, não se pode excluir que certos setores políticos tenham tirado detalhes da manga no momento conveniente para forçar uma decisão judicial favorável à sua estratégia.

Seja como for, parece óbvio o jogo de parada e resposta:  PS e demais oposição marcaram pontos recentemente com os casos Tecnoforma e Vistos Gold, ferindo o governo em exercício. Os apoiantes deste podem agora ripostar com o caso Sócrates - uma "coincidência" oportuna e bastante útil para a sua pré-campanha eleitoral.

Ainda sob o guarda-chuva pseudo-protetor de Merkel - que volta e meia vai deixando avisos chantageadores - a clique no poder parece não ter pruridos em lançar a bomba atómica sobre o homem visto por muitos como o seu principal opositor.

É um método que estamos habituados a ver no 3º Mundo, mas de forma mais crua - o opositor levado na ponta da espingarda ou apodrecer na prisão.

Num país europeu e na atual fase o aparato teria que ser diferente, mas a estratégia  política parece a mesma: forçar a liquidação dos opositores por métodos enviesados.

Curiosamente, além da atual direção do PS, a restante «oposição» - PCP, BE, Livre/Manifesto e demais pequenos partidos - nisso como em tudo, torna-se  conivente entrando  na campanha do pseudo-"combate à corrupção" promovida pela clique no poder.

Enfim, podres duma «oposição» que navega sempre no mesmo calculismo eleiçoeiro sem vislumbre revolucionário, e  na espuma dos media "burgueses" quando convém às suas contas pelos votos.


UMA OPOSIÇÃO QUE CAVALGA A ONDA MEDIÁTICA

Viu-se no processo Casa Pia e em todos os casos mediáticos 'vendidos'  como meramente morais ou "anti-corrupção". Há sempre alguém do PCP, do BE e do Portugal dos partidos Pequeninos para fazer parte do coro como quem não quer a coisa, mas aproveitando a onda.

A conivência objectiva da «oposição» no presente caso demonstra, além duma avaliação errada e judicialista, até que ponto boa parte dessa oposição tem sido cúmplice do atual governo e da configuração anti-democrática que o sistema vai tomando em Portugal.

Esta oposição alterna entre uma propaganda dogmática desligada da realidade e um oportunismo mediático grotesco - sobretudo para quem se pretende crítico dum sistema de que os media "burgueses" são um eixo central e nada inocente.

A propaganda governamental vem apresentando como vitórias o desemprego galopante e a destruição do tecido económico, que em 3 anos fizeram emigrar quase um quarto de milhão de portugueses. Muitos, altamente qualificados.
Cada vez mais envelhecimento, cada vez menos esperança numa das nações mais antigas da Europa.

Um desastre anunciado. País à beira da destruição económica, política e moral, auto-estima golpeada por quem ainda se atreve a culpar o povo pelas consequências da sua própria política de saque, gisada metodicamente pelos especuladores sintonizados no eixo americano-sionista-alemão. 

Uma oposição consequente não hesitaria um segundo em unir forças e formar uma ampla frente de salvação nacional perante o desastre eminente.

Mas nem com mais este sintoma de que caminhamos rapidamente para um critpto-fascismo na Europa - Portugal como cobaia principal - esta oposição dá mostras de aprender a pôr os seus  mesquinhos interesses imediatos de lado.

Uma lufada de ar fresco, gente independente, mas que perceba de política, sem teias de aranha na cabeça, dispondo dum espírito patriótico e duma mentalidade operária e militante - precisa-se.

Urgentemente.




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