11/06/2016

VELHO GOVERNO, NOVO GOVERNO

O que o professor José Reis diz no video abaixo é a pura verdade.
Podia talvez dizê-lo duma forma mais simples.
Como andei a explicar este assunto da falsificação estatística no meu blogue durante 4 anos, vou tentar resumi-lo.

FALSIFICAÇÃO DO DESEMPREGO PELA EMIGRAÇÃO MACIÇA

Não houve nenhuma diminuição de desemprego. Foi apenas uma das muitas aldrabices, dignas dos piores burlões políticos.
Na verdade foram destruídos mais de 200.000 empregos.
E nem doutra forma podia ser, basta olhar para a paralisia económica que atingiu o País, os inúmeros estabelecimentos fechados (em muitas povoações, bairros e ruas, mais de metade das lojas fecharam) e para a VAGA DE EMIGRANTES, equiparável à pior fase do salazarismo nos anos 60/70. Não falando no aumento dos sem-abrigo e pedintes, que só não são mais porque os portugueses têm sentido de dignidade e preferem passar fome, ou então emigrar.
Quase meio milhão de pessoas terão emigrado entre 2011 e 2014.
Se emigraram, deixaram de contar para as estatísticas do desemprego.
Será isto motivo de regozijo para um governo?
Pelo contrário, é um atestado de incompetência e traição aos interesses nacionais.

FALSOS CURSOS DE FORMAÇÃO MASCARAM O DESEMPREGO

O outro elemento que mascarou o desemprego foi de facto, como diz J. Reis, que todos os desempregados, a quem era imposto frequentarem cursos ditos de formação (puro passatempo, na maioria) eram artificialmente  retirados das estatísticas do desemprego.
Com truques destes, até a senhora da limpeza "virava" ministra do Trabalho.
E não adianta aquela conversa que tudo começou no tempo do Sócrates, e não-sei-quê.
A hecatombe que se abateu sobre o País, com o saque brutal da troika e a solícita colaboração do anterior governo não é equiparável a nenhum outro período desde há um século, tão grave que só com métodos inconfessáveis podia ser mascarada.

APENAS AUMENTAR O CONSUMO NÃO VAI FUNCIONAR

Discordo porém de José Reis (e por extensão do atual governo) quanto às soluções.
É que para criar emprego não basta incentivar o consumo, como as estatísticas começam já a mostrar.
Boa parte do consumo criado por via do aumento de rendimentos vai escoar-se ingloriamente em importações. Pela simples razão de que o país é demasiado dependente do exterior, e a matriz produtiva não foi modificada.
Será obrigatório criar novas fileiras produtivas ou aumentar a produção das existentes.
O problema é conseguir fazê-lo quando a UE tem uma política de fecho da torneira do financiamento e, pior, de estrito e cego controle da despesa do Estado.
Como financiar novas estruturas produtivas sem dinheiro do Estado?
A resposta intuitiva é: captando investimento privado.
Mas aí coloca-se um problema: que tem Portugal para oferecer de diferenciado aos investidores que os outros não tenham?
As respostas são conhecidas, e podem ser potenciadas, porventura gastando pouco. Mas,

SÓ CAPTAR INVESTIMENTO NÃO VAI CHEGAR

Muito provavelmente o investimento privado não será suficiente.
É pois necessária mais iniciativa e imaginação por parte do Estado, não implicando necessariamente custos financeiros.
Tenho meia dúzia de ideias sobre o que fazer, nomeadamente a criação de projectos especiais por iniciativa do Estado para exportar serviços.
Mas não as vou revelar aqui, não só porque duvido que estes políticos o mereçam, mas também porque elementos provocadores que circulam nas redes rapidamente copiariam as minhas ideias deturpando-as, no seu habitual trabalho perverso e dissolvente.




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